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LINDA MASCARENHAS. Trazendo na veia a vertente do baião, músico apresenta
nordestinidade, mas com toque ‘guitarrado’
É no baião que Edi Ribeiro se encontra. Tanto que é por aí mesmo
ele vem trilhando seu caminho – e é se segurando no talvez mais nordestino dos
ritmos que o alagoano sobe ao palco hoje, no Espaço Cultural Linda Mascarenhas,
a partir das 20h, como parte do projeto Palco Aberto. Por lá, ele apresenta o
show Eu no baião de dois, mesmo nome do CD que se prepara para lançar.
A apresentação, assim como o disco, é um encontro com o Nordeste. Mais ainda:
com dois dos maiores ícones da região conhecida não só por suas belas praias,
mas também por seu povo, pelo sertanejo arretado que leva adiante a esperança
mesmo em meio às dificuldades. Foi pensando em Luiz Gonzaga e Dominguinhos que
Edi se inspirou para levar adiante a proposta. “Quando pensei o disco, foi
tendo em mente os dois ícones da música nordestina, que são Luiz Gonzaga, com a
sanfona mais frenética e o fole que era a característica dele, e o
Dominguinhos, muito conduzido pela harmonia da música, com essa vertente mais
jazzística dentro do forró. O título também é abrangente, já que gosto muito de
música instrumental e queria explorar um pouco isso”.
Mas o cantor e compositor vai um pouquinho além. Não fica só na homenagem aos
mestres. Com sua guitarra, leva o baião – e não só ele – a outros terrenos.
Puxa aí também o forró, o boi, o coco de roda. “Comecei a prestar atenção no
molejo da sanfona e a pensar em como eu poderia trabalhar isso com a sonoridade
da guitarra, colocando ela num formato mais simples, limpa, com uma nuance mais
voltada para o jazz”.
É por isso mesmo que, no show, ele sobe ao palco num power trio, com guitarra,
claro, mas também bateria e contrabaixo. Tudo isso, diz ele, na tentativa de
“fazer os floreios da sanfona”. É, como o próprio Edi coloca, desafiador. A
mesma palavra ele usa para definir todo o processo de produção e gravação do
álbum, que ele arca com recursos próprios e deve lançar de maneira independente.
O disco é o primeiro da carreira solo. Antes dela, ele era parte
do grupo Cumbuca, fundado nos anos 2000 para levar adiante a musicalidade
regional. Depois de algumas formações, a banda acabou se separando – cada um
tocando suas próprias tarefas –, mas o cantor e compositor, acostumado a fazer
a maioria das letras e arranjos, estava decidido a levar adiante o ofício. “Em
2008 resolvemos dar um intervalo e cada componente foi se dedicar a outra
história. Como eu fazia a maioria das letras e dos arranjos, fiquei pensando em
como dar continuidade, então montei esse projeto. Continuei e ganhei os
Festival da Ufal, em 2009, com Segredo da vida, que está no disco”, revela o
músico, que também ficou na segunda colocação no segundo festival.